sexta-feira, 8 de junho de 2012

Recuperar a vida selvagem na Europa com as Reservas da Biosfera














Publicado no site: www.iucn.org04 Maio 2012
Traduzido por António Castelo

A Europa está actualmente a atravessar um período excepcional para a  recuperação da vida selvagem devido ao abandono, a larga escala, dos terrenos para a agricultura. Este fenómeno é particularmente notável nas áreas montanhosas do continente, que estão a resplandecer em natureza selvagem, robusta e resiliente. É a altura mais oportuna para a conservação da Biodiversidade na Europa.

A reintegração da vida selvagem traz novas oportunidades para a sociedade e para as pessoas que ainda vivem nos meios rurais, para fazerem a transição de uma economia de extracção de recursos, dependente, para uma economia de serviços baseada nos recursos naturais e selvagens. Contudo, sabendo que cerca de 50 por cento de todas as espécies europeias dependem de paisagens abertas ou semi-abertas, um dos maiores desafios é agora estimular os processos naturais que mantém essas paisagens no seu estado ideal: herbívoros selvagens, avalanches, vagas de insectos, vento, inundações, fogos de mato, etc.

No dia 26 de Abril estabeleceu-se um acordo entre a Autoridade da Reserva da Biosfera do Delta do Danúbio e a WWF-Roménia para trabalharem juntos na reintegração da vida selvagem na parte Romena do Delta do Danúbio. Este acordo teve início na nova iniciativa "Rewildind Europe", que lançou cinco grandes projectos de reintegração de vida selvagem em 2011.

Como uma primeira medida, um número de espécies chave, incluindo o castor e o veado, serão trazidos de volta para o Delta para funcionar como um arranque para processos naturais que desapareceram quase por inteiro. Sistemas de pastagens naturais serão promovidos, começando pela transladação de populações de cavalo selvagem. As duas comunidades de CA Rosetti e Sfantu Gheorghe na região exterior da região do Delta, que conjuntamente cobrem 70,000 hectares dos 580,000 da Reserva da Biosfera, serão apoiadas na implantação dos modelos de conservação da vida selvagem experimentados e desenvolvidos na Namíbia.

Estas espécies reintroduzidas, juntamente com a já espectacular variedade de pássaros, as paisagens únicas e a interessante cultura local, têm o potencial para criar novas fontes de rendimento para as comunidades. As últimas décadas têm visto as fontes tradicionais de rendimento provenientes da pesca e da criação de gado desvanecer, levando a um êxodo dos jovens e a um consequente envelhecimento da população. O trabalho de conservação vai conferir a estas comunidades um papel directo e claro na gestão de uma parte significativa do Delta - um princípio bem assente na filosofia da Reserva da Biosfera.

O Rewilding Europe está simultaneamente a trabalhar em outras Reservas da Biosfera - a Reserva East Carpathians, com 213.000 hectares, na fronteira entre a Polónia, Eslováquia e a Ucrânia, e na Reserva da costa do Adriático, na Croácia, com 200.000 hectares. Juntamente com a Western Iberia e a Southern Carpathians, o objectivo é re-instaurar processos naturais chave e assim permitir à natureza restabelecer áreas de dimensões na ordem dos 100.000 hestares, em mar e em terra, com o mínimo de intervenção humana. Com mais cinco áreas modelo ainda por identificar e instalar, a Rewilding Europe - uma iniciativa conjunta da WWF-Holanda, Fundação ARK Nature, Wild Wonders of Europe e Conservation Capital - estabeleceu o objectivo de recuperar a vida selvagem de pelo menos um milhão de hectares até 2020. Esta recuperação envolve a estimulação de processos naturais de transformação da paisagem sem ter uma visão concreta do resultado final. Uma paisagem que se mantém naturalmente e que é autosustentável para o futuro sem uma gestão humana activa é o objectivo final da Rewilding Europe.

O ressurgimento da vida selvagem está no centro deste projecto. Uma vida selvagem a prosperar é um elemento absolutamente fundamental para qualquer ecossistema saudável e sustentável, para além de uma factor de atracção e inspiração para as pessoas, e uma fonte de receitas para o desenvolvimento económico. Esta iniciativa vai fomentar um aumento da vida selvagem para densidades superiores às que hoje se verificam e vai permitir a re-introdução de espécies desaparecidas. Outro elemento-chave desta iniciativa é o incentivo para o estabelecimento de empresas orientadas para a conservação, utilizando os recursos selvagens como base de sustentação. A combinação de perspectivas inovadoras para a conservação, a comunicação em massa, e o desenvolvimento de empreendimentos nature-based atraiu já vários doadores privados e muitas ONGs.

As cinco áreas piloto seleccionadas cobrem já um espectro de diferentes formatos de conservação - parques nacionais, geo-parques, parques naturais, parques de paisagem, reservas da biosfera, Sítos RAMSAR, Sítios Património Mundial da UNESCO e rede Natura 2000 - o que transmite claramente que este conceito se pode aplicar independentemente do estatuto de protecção do local. Estas áreas protegidas estão normalmente inseridos em áreas onde o abandono de terras está neste momento a acontecer numa grande escaa e onde o ressurgimento da vida selvagem trás oportunidades novas para a conservação e o desenvolvimento local.

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